terça-feira, 29 de março de 2011

Bandidos, a fazer mal aos bancos...


Os protestos populares, quando surgem, são para ser levados até ao fim. Quem o mostra são os islandeses, cuja acção popular sem precedentes levou à queda do governo conservador, à pressão por alterações à Constituição (já encaminhadas) e à ida às urnas em massa para chumbar o resgate dos bancos. Desde a eclosão da crise, em 2008, os países europeus tentam desesperadamente encontrar soluções económicas para sair da recessão. A nacionalização de bancos privados que abriram bancarrota assim que os grandes bancos privados de investimento nos EUA (como o Lehman Brothers) entraram em colapso é um sonho que muitos europeus não se atrevem a ter. A Islândia não só o teve como o levou mais longe. Assim que a banca entrou em incumprimento, o governo islandês decidiu nacionalizar os seus três bancos privados - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir. Mas nem isto impediu que o país caísse na recessão. A Islândia foi à falência e o Fundo Monetário Internacional (FMI) entrou em acção, injectando 2,1 mil milhões de dólares no país, com um acrescento de 2,5 mil milhões de dólares pelos países nórdicos. O povo revoltou-se e saiu à rua.
Lição democrática n.º 1: Pacificamente, os islandeses começaram a concentrar-se, todos os dias, em frente ao Althingi [Parlamento] exigindo a renúncia do governo conservador de Geir H. Haarde em bloco. E conseguiram. Foram convocadas eleições antecipadas e, em Abril de 2009, foi eleita uma coligação formada pela Aliança Social-Democrata e o Movimento Esquerda Verde - chefiada por Johanna Sigurdardottir, actual primeira-ministra.Durante esse ano, a economia manteve-se em situação precária, fechando o ano com uma queda de 7%. Porém, no terceiro trimestre de 2010 o país saiu da recessão - com o PIB real a registar, entre Julho e Setembro, um crescimento de 1,2%, comparado com o trimestre anterior. Mas os problemas continuaram.
Lição democrática n.º 2: Os clientes dos bancos privados islandeses eram sobretudo estrangeiros - na sua maioria dos EUA e do Reino Unido - e o Landsbanki o que acumulava a maior dívida dos três. Com o colapso do Landsbanki, os governos britânico e holandês entraram em acção, indemnizando os seus cidadãos com 5 mil milhões de dólares [cerca de 3,5 mil milhões de euros] e planeando a cobrança desses valores à Islândia. Algum do dinheiro para pagar essa dívida virá directamente do Landsbanki, que está neste momento a vender os seus bens. Porém, o relatório de uma empresa de consultoria privada mostra que isso apenas cobrirá entre 200 mil e 2 mil milhões de dólares. O resto teria de ser pago pela Islândia, agora detentora do banco. Só que, mais uma vez, o povo saiu à rua. Os governos da Islândia, da Holanda e do Reino Unido tinham acordado que seria o governo a desembolsar o valor total das indemnizações - que corresponde a 6 mil dólares por cada um dos 320 mil habitantes do país, a ser pago mensalmente por cada família a 15 anos, com juros de 5,5%. A 16 de Fevereiro, o Parlamento aprovou a lei e fez renascer a revolta popular. Depois de vários dias em protesto na capital, Reiquiavique, o presidente islandês, Ólafur Ragnar Grímsson, recusou aprovar a lei e marcou novo referendo para 9 de Abril.
Lição democrática n.º 3: As últimas sondagens mostram que as intenções de votar contra a lei aumentam de dia para dia, com entre 52% e 63% da população a declarar que vai rejeitar a lei n.o 13/2011. Enquanto o país se prepara para mais um exercício de verdadeira democracia, os responsáveis pelas dívidas que entalaram a Islândia começam a ser responsabilizados - muito à conta da pressão popular sobre o novo governo de coligação, que parece o único do mundo disposto a investigar estes crimes sem rosto (até agora). Na semana passada, a Interpol abriu uma caça a Sigurdur Einarsson, ex-presidente-executivo do Kaupthing. Einarsson é suspeito de fraude e de falsificação de documentos e, segundo a imprensa islandesa, terá dito ao procurador-geral do país que está disposto a regressar à Islândia para ajudar nas investigações se lhe for prometido que não é preso. Para as mudanças constitucionais, outra vitória popular: a coligação aceitou criar uma assembleia de 25 islandeses sem filiação partidária, eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais, etc. A nova Constituição será inspirada na da Dinamarca e, entre outras coisas, incluirá um novo projecto de lei, o Initiative Media - que visa tornar o país porto seguro para jornalistas de investigação e de fontes e criar, entre outras coisas, provedores de internet. É a lição número 4 ao mundo, de uma lista que não parece dar tréguas: é que toda a revolução islandesa está a passar despercebida nos media internacionais.
in ionline

quarta-feira, 23 de março de 2011

"Não posso mais / Viver assim"


No discurso de abertura do debate sobre a proposta de PEC do Governo, que tem rejeição quase certa por parte das forças da oposição, o ministro das Finanças afirmou que a actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) “é necessidade imperiosa” perante a Europa e os credores, considerando “enganador” quem diz que não são precisas mais medidas. O primeiro-ministro ouviu atentamente o discurso e no final abandonou a sala, surpreendendo todos os presentes e dizendo apenas um "boa tarde" aos jornalistas. Queriam bater mais no Zézinho? Queriam mandá-lo embora? Ora toma que é para aprenderem! Brilhante estratégia! Sempre quero ver como vão correr com o primeiro-ministro se não souberem onde ele se escondeu!

Talvez chegue...



Rodrigo Costa, presidente executivo da ZON, ganhou €995.000,00 (novecentos e noventa e cinco mil euros) em 2010, entre remunerações fixas (€695.000,00) e a componente variável (€300.000,00). Não se pode dizer que é um salário milionário (faltam €5.000,00 para isso). Apesar de tudo, talvez chegue para o Rodrigo comprar umas lâminas de barbear, um capachinho, uma gravata que não seja comprada nos chineses e um fatinho que não seja da Zara. É que um presidente executivo devia andar um pouco mais cuidado...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Valha-nos a Santa!




Isto anda tão mau que agora o (des)governo português até já recorre à ajuda dos santos para cobrar mais impostos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

"Vão para fora lá fora!"


Cavaco Silva, no discurso que proferiu durante a cerimónia evocativa do 50º aniversário do início da guerra (dita) colonial, afirmou que "importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões (africanas?) e causas (perdidas?) essenciais ao futuro (negro, como o continente onde decorreu o conflito?) do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos (os outros, o Aníbal tinha outras ocupações) assumiram a sua participação na guerra do Ultramar". Contra estas palavras insurgiu-se Francisco Louçã, através do Facebook (um líder moderno é assim, fala através das redes sociais). Não podemos deixar de concordar com esta discondância. Então numa altura em que o país está como está, em que temos todos de nos esforçar para superar esta situação, em que precisamos de estar unidos mais do que nunca é que o presidente (assim mesmo, em minúsculas) da República (assim mesmo, em maiúsculas, apesar de ser dos bananas) vem apelar aos nossos jovens para que fujam para França, Alemanha, Brasil, Canadá e similares, a exemplo do que aconteceu há meio século? Não se faz!

terça-feira, 15 de março de 2011

Apita, apita com eles!


Os guardas-nocturnos vão ver os cassetetes retirados pela PSP, que os vai deixar apenas com os apitos para defenderem os comerciantes e comuns cidadãos. Não sei porque motivo esta medida desagrada a estes profissionais. Todos sabemos que durante a noite é proibido fazer barulho na rua. Por uma questão de lógica, sendo que o barulho do apito será sempre menor que o barulho dos meliantes ao serem atingidos por um cassetete, esta mudança faz todo o sentido. A lei acima de tudo! Apesar disso, estou já a ver alguns guardas-nocturnos a arranjarem apitos montados em tubos metálicos de 40 centímetros só para poderem contornar esta nova disposição. Malandros!