sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Afinal quem é que manda aqui?!


Anda meio mundo (ou até mais que isso) a reclamar que é necessário aprovar o orçamento para sossegar os mercados, para que o FMI não venha pôr ordem no país, para evitar o aumento do custo do crédito. Acho muito bem a atitude do governo. Afinal quem é que foi escolhido para comandar os destinos do país? Quem foi eleito democraticamente, como tantos nomes sonantes da história (Bush, Hitler, Nixon...) para escolher o melhor caminho para a nossa sociedade? Querem orçamento aprovado depressa? Pois agora altera-se a discussão e votação para a primeira semana de Novembro (fica a seguir ao Halloween, até faz sentido). Querem decidir melhor que o governo onde se deve ir buscar dinheiro, arranjar outras formas de financiar os benefícios justamente adquiridos pelos governantes (invejosamente chamados de "escandalosamente absurdo despesismo")? Querem forçar o governo a cortar nessas mesmas merecidas e até escassas contrapartidas recebidas para suportar a ingratidão da populaça a que os seus postos os sujeitam? Pois agora somos inflexíveis e não mudamos nem uma vírgula! Antes ficar à mercê do exterior do que aceitar esta tentativa de atropelo da democracia a que a oposição quer forçar o governo!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Decidam-se!


Anda toda a gente a falar contra o sócrates (assim mesmo, em minúsculas) porque contratou recentemente 13 motoristas e umas dezenas de secretárias. Que é mal feito, que acaba com as contratações na Função Pública porque é preciso poupar e depois faz isto, que é um hipócrita, um aldrabão. Ao mesmo tempo continuam a queixar-se que o desemprego é muito maior do que o governo diz e que cada vez aumenta mais. Então o primeiro ministro tenta à sua conta minorar esse flagelo que é o desemprego e caem-lhe em cima? Reconhece (ainda que indirectamente) que não se devia acabar com as contratações e admite umas quantas pessoas e dão-lhe nas orelhas? Bolas, é mesmo ser preso por ter cão e preso por não ter. Coitadinho do sócrates...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Agostinho Branquinho Sujinho


Foi um dos rostos da comissão de inquérito à interferência do Governo no negócio da PT/TVI e ali criticou fortemente a linha editorial das publicações da Ongoing, em especial do Diário Económico. Ontem soube-se que Agostinho Branquinho, deputado do PSD e ex-vice-presidente do grupo parlamentar, renunciou ao mandato de deputado para "ponderar" o convite da Ongoing Brasil. A "transferência" indignou o Bloco de Esquerda e o PCP, mas esbarrou no silêncio das bancadas do PS, CDS e PSD, apesar do incómodo indisfarçável entre alguns deputados. Para João Semedo, deputado do BE e relator da comissão de inquérito, esta opção pessoal do deputado cria uma "situação política". "Todos vimos Agostinho Branquinho a questionar a natureza da linha editorial das publicações da Ongoing que sustentavam as posições do Governo", apontou Semedo, considerando que a situação espelha "o bloco central de interesses no seu melhor". Em Portugal, a Ongoing detém o Diário Económico e a Económico TV. No Brasil, a empresa tem interesses nos media e nas novas tecnologias. No mesmo tom, o PCP condena a "promiscuidade". "Independentemente do cumprimento das regras que, segundo o que está noticiado, está a ser feito relativamente ao estatuto dos deputados, consideramos que é uma situação que agrava todos os indícios públicos destas relações de promiscuidade que não devem existir", disse o deputado João Oliveira. Agostinho Branquinho rejeitou, por seu turno, qualquer conflito de interesses. E assegurou que "não há processo mais claro, transparente e ético" do que este. "Das minhas decisões, e daquilo que eu fiz na comissão de ética, não resultou qualquer benefício ou nenhum prejuízo para qualquer grupo empresarial português. Os deputados não tomam decisões executivas sobre o que quer que seja, apenas escrutinam", afirmou aos jornalistas. Questionado sobre o seu protagonismo na comissão de inquérito em que a empresa para onde agora vai foi visado, Agostinho Branquinho referiu que "a intervenção da Ongoing na TVI é posterior ao abandono do negócio da compra da TVI por parte da PT e da atitude rocambolesca do Taguspark". O deputado rejeita ainda qualquer comparação com a situação do antigo ministro socialista Jorge Coelho, que aceitou dirigir a construtora Mota-Engil depois de tutelar as obras públicas. "Nunca fui ministro de coisa nenhuma, sou deputado, os deputados não têm funções executivas, têm que escrutinar a actividade da administração pública e fazer as leis", afirma. Em relação ao convite da empresa, o deputado diz que só depois de deixar o Parlamento as conversações prosseguem, embora admita ao PÚBLICO que tenha estado recentemente em São Paulo, no Brasil, a propósito da proposta profissional da Ongoing. A primeira abordagem ao deputado por parte do presidente do grupo Ongoing, Nuno Vasconcelos, aconteceu há cerca de um mês num almoço em Lisboa. "Foi nessa altura que combinámos que, para adiantar conversações, eu teria de renunciar ao mandato de deputado", explica. Agostinho Branquinho foi jornalista de O Comércio do Porto, realizador de informação e editor na RTP, nos anos 1980. Foi deputado entre 1983 e 1985, e voltou ao Parlamento na anterior legislatura (2005-2009). Já nesta legislatura, deixou de ser vice-presidente da bancada com a actual direcção liderada por Miguel Macedo. Teve a seu cargo o dossier dos media e é conhecido por ser um acérrimo defensor da privatização da RTP.
in Público